R$5 milhões e o hipster da Federal
Eduardo Cunha foi preso ontem, dia 19/10, em Brasília por decisão do juiz Sérgio Moro. O deputado foi levado em um avião da Polícia Federal para Curitiba e sua prisão é por tempo indeterminado.
Cunha é acusado de receber propina do contrato de exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro. Os advogados do réu afirmaram que a decisão de Moro é “absurda” e “sem nenhuma motivação”.
Esses deveriam ter sido os fatos mais marcantes noticiados pela imprensa. E em parte foram. No entanto, o que mais percebe-se na mídia, principalmente nas timelines do Facebook, não são os fatos relacionados a prisão do deputado e o que isso significa para a sociedade brasileira, mas sim relatos impressionados de quem seria o “hipster/gato da Federal”.
Aparentemente, seguindo o famoso Japonês da Federal, as redes foram inundadas por comentários sobre quem seria o policial que prendeu Cunha em sua residência. Não demorou muito até que se descobrisse o perfil do homem: Lucas Valença.
Uma espécie de perseguição foi feita até se encontrar Valença pela internet. Por fim, fotos, momentos, check-ins e até mesmo sua ideologia política já estão escancaradas para a sociedade.
Como se já não fosse absurdo o fato das pessoas diminuírem a prisão de Cunha por causa de um policial bonito, a “caça ao tesouro” e comentários degradantes sobre o homem só demonstram como nossa sociedade está politicamente desinteressada e fragilizada. Afinal, o Cunha desviou apenas R$5 milhões dos cofres públicos, nada tão importante quanto a aparição de uma pessoa bonita em frente aos flashs.
